sexta-feira, setembro 17, 2010

A Boa Vontade

(80cm x 60cm)

Enquanto o azul do céu esfrega os seus cascos no corpo das árvores, a maçã é trespassada pelo pincel, que tal como a seta de um Cupido, penetrou bem no fundo da sua essência.
Do seu interior jorra um fluído deleitoso que muitos cobiçam.
Naquele instante, eu acreditei que a Boa Vontade, com as suas mãos enormes, pudesse aparar o suco. Porém, este esquiva-se a deixar-se agarrar, escapando por entre os dedos.
Tomba desamparado no deserto árido de um tabuleiro de xadrez que, como um vampiro ávido de sangue, se alimenta das suas utopias.

Nota: Inspirado no texto de Mário Cesariny, "Vida e Milagres de Pápárikáss Bastardo do Imperador", in "Manual de Prestidigitação"

2 comentários:

Ilda Teixeira disse...

As MÃOS que se erguem para segurar a Maçã sentem a vitalidade escorrer por entre os dedos.
O azul do horizonte, roçando as árvores despidas, o tabuleiro de xadrez que se estende e mistura com a areia do "deserto"...
O QUADRO de êxtase e deleite da Maçã, em mais uma tela cheia de vida e surrealismo muito REAL...
Gosto...

Anónimo disse...

Queres saber quem sou?
Eu sou a que te olha e espia para te recolher
e depois guardar num lugar que é só meu.
Para isso serve o papel.
O resto não precisas saber.
Nem convém.
Só te ia distrair, podes crer.
Eu sou a que mergulha as mãos na tua vida
para sentir a minha voltar

Pedro Paixão

Adoro a tua pintura!!

Abraço