sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Anemómetro


(120cm x 100cm)

A senda pela busca da inspiração incitou-me a zarpar, há alguns anos, por mares navegados por outros, numa rota incerta, traçada por mim. Navegar junto à costa trazia muitas insónias, pelo que me aventurei em alto mar. O meu barco foi fustigado por tempestades algumas vezes, andou à deriva outras, quase naufragava em oceanos de eterna agitação de águas, escarpeladas e agitadas por tufões, correntes e vendavais. Enfrentando um mar em fúria, fui velejando à bolina, traçando a minha carta marítima. Mantive sempre os mastros erguidos, hasteando a minha insígnia. Escuto o murmúrio das pedras que me chamam… Está na hora de atracar. À entrada na barra, muito suave, estendem-me o tapete do xadrez da vida. Esvoaçando sobre o navio, o grasnar apoteótico das maçãs acompanha a minha escala. No cais, atento à direção do vento, vislumbro o anemómetro, que me guia e indica onde aportar.