quarta-feira, dezembro 22, 2010

Paredes Meias com a Maçã

domingo, dezembro 12, 2010

A Maçã entre o Homem e o Cávado



"A Maçã entre o Homem e o Cávado"
25 de Novembro - 13 de Dezembro 2010
Amares

quinta-feira, novembro 11, 2010

Desfolhar do Calendário

(50cm x 40cm)

Muda-se mais um dia como o esvoaçar de um vestido.

Uma maçã, em queda suave, arrasta o elástico do cabelo azul do céu, ao som do bater das asas das nuvens, enquanto aguarda pelo desalinho dos lençóis.

A maçã não tem qualquer intenção de voltar a ver a sombra no xadrez; deseja o escuro da página onde impera o silêncio e onde poderá estar a sós, contigo, a contar as estrelas e a saborear a noite...

sábado, novembro 06, 2010

A Maçã entre o Homem e o Cávado


domingo, outubro 31, 2010

Antroponáutica

(80cm x 60cm)

As horas perderam-se no tempo. Ouço a voz do mar que fala ao meu coração. Dos meus olhos deslizam pedras de sal. O barco de sonhos está ferrugento, carcomido, esburacado, roído como as minhas unhas… e eu envelheço com ele. À esquerda, avisto uma bússola dourada que norteia as minhas utopias.
Pressinto uma sombra que me envolve. Conduzida pelo vento, a Realidade entra no meu interior como uma treva. Com o seu braço onde bombeia vida, agarra-me a mão numa tentativa de me resgatar das minhas navegações.
A maré vai subir… e este barco vai voltar a navegar…

quarta-feira, outubro 06, 2010

Janela com Vista sobre a Maçã

(80cm x 60cm)

Espreito pela janela secreta da minha casa de sonhos.
Uma luz alaranjada beija-me os olhos, convidando-me para o despertar.
O relógio invisível está parado. As árvores estão imóveis.
As folhas apanharam o bilhete do Outono e emigraram para outras paragens.
Tu és uma maçã; eu sou uma maçã.
Estamos suspensos por molas, pairando sobre uma taciturna melancolia.
Ainda que troquemos pensamentos e sentimentos, não nos conseguimos soltar da corda que nos prende.
Acredito que podemos ser um peão, que podemos mover-nos neste jogo...

segunda-feira, setembro 27, 2010

Oração II

(70 cm x 50 cm)

A Firma Oração Origami, Lda., não registada, de capital surreal, tem o prazer de informar que abriu as portas do calendário num dia escuro e desértico. Mais informa que, no acto solene da sua inauguração, esteve presente o Exmo. Sr. Pastor Patapudo, contando ainda com a presença de muitas almas desesperadas.

Oremos!

Do oriente surge uma mão que aperta um fio de contas… Curiosos, dois peixes origámicos perscrutam o doce aroma que exala. Das profundezas do tabuleiro rasgam-se as vestes terrenas na avidez de saboreá-la. Ah, vil pensamento! Ah, cobiça desmedida! Ah, inveja despudorada! Pai, traz até mim esta maçã!

Oremos!

sexta-feira, setembro 17, 2010

A Boa Vontade

(80cm x 60cm)

Enquanto o azul do céu esfrega os seus cascos no corpo das árvores, a maçã é trespassada pelo pincel, que tal como a seta de um Cupido, penetrou bem no fundo da sua essência.
Do seu interior jorra um fluído deleitoso que muitos cobiçam.
Naquele instante, eu acreditei que a Boa Vontade, com as suas mãos enormes, pudesse aparar o suco. Porém, este esquiva-se a deixar-se agarrar, escapando por entre os dedos.
Tomba desamparado no deserto árido de um tabuleiro de xadrez que, como um vampiro ávido de sangue, se alimenta das suas utopias.

Nota: Inspirado no texto de Mário Cesariny, "Vida e Milagres de Pápárikáss Bastardo do Imperador", in "Manual de Prestidigitação"

sexta-feira, setembro 10, 2010

À Espera do Sucesso

(80cm x 60cm)

Vivo num mundo repleto de maçãs que me cercam, perseguem, guiam, orientam e apontam o caminho a seguir. No meio de tantas há uma que eu ambiciono. Como um boneco articulado, encetei uma caminhada obsessiva no seu encalço que me conduz por trajectos que me foram traçados.
Atravessei a aridez do deserto que me extenuou, enfraqueceu, estropiou, sugou as minhas forças, na ânsia de alcançar a mão que me acenava com o mapa da Maçã.
Então, entrego-me a uma letargia e, despojado de tudo, rendo-me à Espera do Sucesso.

Nota: "À Espera do Sucesso" foi inspirado na obra do Henrique Pousão, "Esperando o Sucesso" (1882)

quinta-feira, setembro 02, 2010

"Ab Alma Mater Ad Delirium Malum"

segunda-feira, julho 19, 2010

Cartografia de um Sonho

(120 cm x 100 cm)

O meu barco de sonhos, carcomido pelas tempestades que se abateram ao longo dos anos, levou-me de volta às origens. Das suas fendas vejo a mão amarela do tempo que, misturada com os cabelos azuis de um céu único, dá mote à minha bandeira.
Viajo no meu interior, numa paisagem que me é familiar. Calcorreio a rua axadrezada que me transporta do passado ao presente. Tudo permanece imutável. A humidade do tempo agarra-se ao coração, que dá corpo a estas pedras.
A luz da maçã acompanha o itinerário. Sinto o sangue a bombear as minhas veias, que se enchem de vida. Que fogo é este que devora a beleza?

quinta-feira, julho 15, 2010

Ao Ritmo da Maçã

Ao Ritmo da Maçã

Exposição de Pintura de Arnaldo Macedo

Conservatório de Música de Felgueiras

1 de Junho 10 de Julho de 2010

sábado, julho 03, 2010

Ad Domum

(120 cm x 100 cm)

Da minha paleta, que outrora foi mais límpida, vaza um lodo de cores.
Deixando um rasto de poeira, lobos com dentes de ferro, espiam o instante para devorar o que ainda resta. Solta-se um trilho de sangue encarnado que envolve a maçã que grita de dor, suplicando ajuda, enquanto faz cálculos geométricos precipitando uma queda adormecida.
Indiferente à agonia, o amarelo da minha bandeira permanece erigido no azul do céu. E, na quietude do tabuleiro de xadrez, a rainha espera o momento para ser de novo lançada no jogo enquanto o pincel corteja a paleta numa dança a três tempos.

sábado, maio 29, 2010

Xeque-mate

(50cm x 40cm)


A linha do horizonte dita o fim do asfalto do xadrez.
Sou uma peça do tabuleiro.
Tentei fugir à jogada da maçã, ataquei, recuei, mas acabei sempre por me deparar com ela. Em cada momento foi, lentamente, degustada. Jogo estranho este… deu-me a ilusão de conhecer as regras do jogo, mas sempre foi a maçã quem decidiu o meu caminho. Fez xeque-mate ao jogo da vida.

terça-feira, abril 20, 2010

A espera da Crisálida

(120 cm x 100 cm)

O som seco do metrónomo do relógio aumenta o ritmo do compasso do tempo. Um formigueiro percorre-me o esqueleto. O sangue que corre nas veias abrasa-me. Sente-se uma refrigeração do céu crepuscular. O tempo cavalga de nuvem em nuvem… a noite está a chegar.
Um teatro de sombras percorre o peão do xadrez da vida. Ao cimo, o portão da metamorfose edifica-se. Da caixa do correio, à espera do meu bilhete de ida, sobrevoam os peixes que me lançam a chave.
Abalei as profecias dos que, sibilamente, projectaram a voz. Estilhacei a redoma que envolvia a maçã. Destruí as muralhas do desejo. E, então, fez-se luz: a chave que recebi era o sonho que me aguarda e a maçã, o adubo certo para germinar a minha partida.

domingo, março 28, 2010

Requiem ao silêncio

(50cm x 40cm)

O sol ébrio deita-se num profundo manto azul escuro. É então, num silêncio esmagador, que abrindo as cortinas ao meu pensamento, escrevo.
A pena da vida, num vai e vem de desejos e fantasias, sacia-se e devora o corpo de um tinteiro, que não é mais que uma maçã.
Cerro as pálpebras. A adrenalina faz-me vibrar os músculos. A carne sensibiliza-se; ganha alimento, sinto um fogo a germinar. Deitada e despudorada, como uma amante, está a folha de pergaminho, rasgada pelo tempo. Uma gota de suor resinosa flui sem arreios numa construção geométrica do orgasmo...
Apuro os meus sentidos. Lá fora o silêncio fortifica-se...

sexta-feira, março 12, 2010

Semana da Poesia - Vizela

(90cm x 70cm)

Ana de Sá
(poetisa vizelense, 1823-1899)

(90cm x 70cm)


Bráulio Caldas
(poeta vizelense, 1861 - 1905)

Comemorações do Dia Mundial da Poesia, de 15 a 21 de Março de 2010, em Vizela, dedicado a Bráulio Caldas e Ana de Sá.


quarta-feira, março 03, 2010

Cicio do Outono

(50 cm x 60 cm)

O Outono cai como uma cascata de água. Do céu pendem uns cortinados em tons escurecidos. O sol espreita timidamente através dos cabelos longos do tempo, enquanto que, do corpo de uma árvore, se solta o sussurro da solidão.
Contudo, o comboio das insónias espera pelos incrédulos amantes, que buscam o refúgio do deitar de uma maçã.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

O Tango do Marionetista

(50cm x 40cm)

Sinto-me um objecto animado, manipulado por correntes invisíveis de um marionetista, oculto por uma tela. Sou comandado à distância por alguém que se diz dono de mim e das minhas horas.
E se ele se esquecesse de mim e me oferecesse mais um pouco de vida? Ah!, como gostaria de descobrir a entrada desse marionetista, para ter uma conversa com ele.
Libertaria todo o meu fogo exterminador, soltaria labaredas flamejantes da minha língua, recriminaria a sua dança exótica com a maçã.
Quem disse que a noite não pode namorar o dia?

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Sonho de Uma Maçã Surreal



SONHO DE UMA MAÇÃ SURREAL
Fevereiro e Março, 2010
Foyer da Casa das Artes - V. N. Famalicão


No mutismo da noite, aguardo um sonho inquieto, sísmico, impregnado de avidez das paixões. Entrego-me à imagem...Tudo começa com uma tela em branco. A paleta vomita lama de tinta; o pincel está embriagado. Vai-se dando cor por vezes ao fundo, outras vezes alguns traços apenas. Depois, bem… depois, acontece uma história surrealista: são palavras que se envolvem com as cores na geometria do orgasmo de uma maçã…
Mas, afinal, o que é real ou surreal?

sábado, janeiro 23, 2010

ARGONAUTA DO DESEJO

( 120cm x 100cm )

Numerando o tempo, caminho na companhia dos meus paradoxais momentos.
Atrai-me o som de um tilintar de copos que se despedaçam enquanto desvio o meu olhar para umas ondas do mar, que cortam o vento e se beijam.
Da varanda vislumbro o farol que mira o Instante Perfeito, em suspensão, indicando-lhe a passagem. Ao longe, as nuvens dos sonhos vão passando e largando as suas penas que ao esvoaçar vão desenhando e escrevendo os sonhos que povoam a minha existência e que ditam o meu diário.
Não há ondas iguais, não há nuvens iguais, não há maçãs iguais… porém, eu continuo a minha caminhada, enchendo as folhas do meu livro. Sigo a luz do farol.

sábado, janeiro 09, 2010

SONHO DESNUDADO

(91 cm x 47 cm)
Assim que a noite sente o cheiro das estrelas, uma luz de luar procura o seu tesouro no pensamento, confidenciando o seu sonho. A cortina da noite cede à tentação da corrente de um relógio que teima em não parar, deixando a descoberto a frágil nudez do devaneio.
No horizonte, flutuando mansamente numa galáxia de águas calmas, vislumbra-se uma nau que se aproxima. O mastro de dois pincéis apontam a Zénite, enquanto os ventos alísios empurram o suave perfume da Maçã.
Então, ao som desse aroma, despe-se das suas utopias impregnadas da cor do desejo: o seu sonho está desnudado.