segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Aeternum

(80cm x 60 cm)

No imo do desassossego, tive um sonho.
Sonhei.
Sonhei que existe outro xadrez para além das nuvens,
para onde o relógio, carregando o tempo que falta, se mudou.
Sonhei.
Sonhei que estava nas escadas rolantes que se movem,
para cima,
para cima,
para cima,
céleres.
Sonhei.
Sonhei que ouvia anjos que cantavam um hino.
Sonhei.
Sonhei que tinha acordado.
Sonhei que era de novo criança.
Sonhei que me baloiçava para lá das nuvens.
Sonhei.
Sonhei que a vida é um sonho.
A realidade é o que está para além das nuvens.

domingo, fevereiro 13, 2011

À La Carte


(80 cm x 60 cm)

Condenada à morte! Ah, vil sentença pronunciada numa sala sombria! Desde então convivo com esse pensamento, paralisada pela sua presença, arqueada sob seu peso! Um calafrio percorreu a minha pele. Será agora? No céu batiam as últimas horas do dia.
Coragem diante da morte, dizem-me. Perguntemos-lhe o que ela é. Saibamos o que ela quer connosco, esmiucemo-la por todos os lados, perscrutemos o enigma e olhemo-la de frente.
De cima do palanque, exibem-me a uma multidão rejubilante, que incita e aplaude a condenação. Despem-me do meu pudor. Olho-os a todos de frente, aos que, depois de me terem saboreado, me condenam. Os algozes banqueteiam-se. Assistem de camarote ao espectáculo, empanturrando-se do xadrez da vida.
Mas, eu sei que há um Homem, um sonhador, absorvido em descobrir a essência em prol da arte, para quem a Maçã foi a fantasia que o aprisionou, e por quem ele se deixou aprisionar.

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Surrealizar o Sonho



A Noite deixou cair a cortina. O sonho já dorme. Deitado na companhia de uns lençóis repletos de silêncio, as estrelas azuis fixam os seus olhos em mim. Falo com o Mundo, mas só ouço o bater do Mar no casco do meu Barco como um sussurro hipnotizante das Maçãs. Surrealiza-me o Sonho...

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Surrealizar o sonho