sábado, julho 03, 2010

Ad Domum

(120 cm x 100 cm)

Da minha paleta, que outrora foi mais límpida, vaza um lodo de cores.
Deixando um rasto de poeira, lobos com dentes de ferro, espiam o instante para devorar o que ainda resta. Solta-se um trilho de sangue encarnado que envolve a maçã que grita de dor, suplicando ajuda, enquanto faz cálculos geométricos precipitando uma queda adormecida.
Indiferente à agonia, o amarelo da minha bandeira permanece erigido no azul do céu. E, na quietude do tabuleiro de xadrez, a rainha espera o momento para ser de novo lançada no jogo enquanto o pincel corteja a paleta numa dança a três tempos.

1 comentários:

Ilda Teixeira disse...

A rainha julga ser a mais importante da cena!! Afinal é a Rainha! Mas não! A Maçã tem muito mais para contar...O vermelho da sua cor está prestes a ficar coberto pelo amarelo do pincel. Ele que corteja a paleta, sujo ainda pela cor que lançou na bandeira...mas está "enamorado" pela Maçã e vai estender-lhe a mão, dando-lhe um toque pálido nas feições vermelhas... Será uma nova Maçã, a que, numa queda eminente, irá roçar o solo com suavidade. As bandeira rejubilarão e darão vivas ao vento! Não pela chegada da rainha, mas pela vitória da Maçã, que se mantém gloriosa, ao longo de tantas batalhas travadas no branco das telas, que começaram por ser brancas, mas que se querem manchadas de tintas, que vão "roubando" à paleta...

Espero que não te importes de ter "alterado" a história... Gosto das cores...da forma como representas a realidade, transformando-a em sonhos de Maçã...