segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Aeternum

(80cm x 60 cm)

No imo do desassossego, tive um sonho.
Sonhei.
Sonhei que existe outro xadrez para além das nuvens,
para onde o relógio, carregando o tempo que falta, se mudou.
Sonhei.
Sonhei que estava nas escadas rolantes que se movem,
para cima,
para cima,
para cima,
céleres.
Sonhei.
Sonhei que ouvia anjos que cantavam um hino.
Sonhei.
Sonhei que tinha acordado.
Sonhei que era de novo criança.
Sonhei que me baloiçava para lá das nuvens.
Sonhei.
Sonhei que a vida é um sonho.
A realidade é o que está para além das nuvens.

2 comentários:

Adelina Silva disse...

Sabes... há uma explicação para a ETERNIDADE
(...)
os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim.


José Luís Peixoto, in "A Casa, A Escuridão"

Ilda Teixeira disse...

...E o desassossego envolveu-se no manto de nuvens e descansou!No balouçar, pendente das incertezas e dúvidas, olhou os que carregavam o peso das vidas sonhadas e não realizadas! E do alto, mirando o que o tabuleiro mostrava, viu as Maçãs que tinha pintado, tal qual pequenas pinceladas em tela branca. paredes meias com os sonhos...E, ao acordar, soube bem, que a vida é um sonho que sabe bem sonhar!