domingo, outubro 31, 2010

Antroponáutica

(80cm x 60cm)

As horas perderam-se no tempo. Ouço a voz do mar que fala ao meu coração. Dos meus olhos deslizam pedras de sal. O barco de sonhos está ferrugento, carcomido, esburacado, roído como as minhas unhas… e eu envelheço com ele. À esquerda, avisto uma bússola dourada que norteia as minhas utopias.
Pressinto uma sombra que me envolve. Conduzida pelo vento, a Realidade entra no meu interior como uma treva. Com o seu braço onde bombeia vida, agarra-me a mão numa tentativa de me resgatar das minhas navegações.
A maré vai subir… e este barco vai voltar a navegar…

2 comentários:

Sabes_Kem_Eu_Sou disse...

O barco pode estar esfrangalhado em resultado da forte ondulação que se abateu sobre ele durante o tempo que esteve à deriva e encalhado. Contudo, se ainda consegues ouvir a voz que te chega ao coração e extravasar alguma emoção, ainda que petrificada, nada está perdido. É agarrar a bússola que te guia, e o braço que chegou para te tirar do entorpecimento… o que preferes? Viver da utopia, muitas vezes enganadora e traiçoeira, ou viver da realidade, estável e segura? Se tiveres a resposta, quem sabe encontras o tempo… 21:11.

Ilda Teixeira disse...

A bússola que norteia e a maçã que não perde de vista esse horizonte azul, pousada sobre o tabuleiro. É que, para lá da ondulação, o azul fica mais sereno. A mão que resgata o "naufrago" está presente nas últimas telas coloridas. As mesmas que eram brancas e se querem manchadas com as cores da vida. Só assim faz sentido ter uma TELA.