sexta-feira, maio 22, 2009

PARASSONIA DO SONHO

( 120cm x 100cm )

No mutismo da noite, aguardo um sonho inquieto, sísmico, impregnado de avidez das paixões. Entrego-me à imagem... A paleta vomita lama de tinta; o pincel está embriagado. Para lá dos devaneios soltam-se os pasmos do cavalo do xadrez da vida, contemplando o meu sonho em estado de sonambulismo. Enquanto isso, o fio da vida suporta a maçã, exausta com a geometria do orgasmo...

2 comentários:

Adelina Silva disse...

O POETA E A LUA

Em meio a um cristal de ecos
O poeta vai pela rua
Seus olhos verdes de éter
Abrem cavernas na lua.
A lua volta de flanco
Eriçada de luxúria
O poeta, aloucado e branco
Palpa as nádegas da lua.
Entre as esfera nitentes
Tremeluzem pelos fulvos
O poeta, de olhar dormente
Entreabre o pente da lua.
Em frouxos de luz e água
Palpita a ferida crua
O poeta todo se lava
De palidez e doçura.
Ardente e desesperada
A lua vira em decúbito
A vinda lenta do espasmo
Aguça as pontas da lua.
O poeta afaga-lhe os braços
E o ventre que se menstrua
A lua se curva em arco
Num delírio de luxúria.
O gozo aumenta de súbito
Em frêmitos que perduram
A lua vira o outro quarto
E fica de frente, nua.
O orgasmo desce do espaço
Desfeito em estrelas e nuvens
Nos ventos do mar perpassa
Um salso cheiro de lua
E a lua, no êxtase, cresce
Se dilata e alteia e estua
O poeta se deixa em prece
Ante a beleza da lua.
Depois a lua adormece
E míngua e se apazigua...
O poeta desaparece
Envolto em cantos e plumas
Enquanto a noite enlouquece
No seu claustro de ciúmes.

Vinícius de Morais, in "Antologia Poética"

Estranha pessoa esta disse...

Como sempre senti as tuas telas... E gostei muito!
Principalmente da Geometria do Orgasmo :P

P.S.: Manda-me outra vez aquilo do youtube que nao gravei s.f.f. Obrigadinho.