quarta-feira, novembro 01, 2006

ABORTO ll

(50cm x 60cm)

Por vezes tudo parece ser surreal!!! Nada existe, nada somos... Mas tu acreditas estar vivo, acreditas tanto que até vives uma vida que não existe. Na minha inocente opinião, a questão da lei sobre despenalização do aborto é tão somente uma questão de crença e honestidade moral. Não é o facto de proibirem esta pratica que vai fazer com que ela deixe de existir. A decisão passa por cada um de nós e não por pessoas alheias que julgam ter o poder para decidir. Para que existas tem de haver algo muito mais forte e determinante que um simples papel que te diz o que é consentido ou não fazer. A moral e a crença vêm primeiro que tudo e seja qual fôr o veredicto, nada garante que realmente existas. O aborto não é a solução de um problema mas e vergonha e a cobardia do fruto proibido.

1 comentários:

Anónimo disse...

SÚPLICA DE UM ABORTADO

Eu sou o tempo dos corações deixados...
o amor nascido em tempos errados.
Sou a consequência do prazer
que fugiu, em covarde debanda,
da consequência do dever.
Sou, talvez, o subproduto
de uma união puramente carnal.
Sou a face anêmica da morte
que tanto queria viver...
e mais que isso: alguém que não pediu para nascer !

Sou um poema em reverso,
e, no vazio dos artista que me pintaram
represento a própria falta de verso,
e a agonia da vida que já não existe em mim,
pois acharam por bem me dar um fim...
para remediar um erro cometido
no momento exato da ejaculação precoce
ou da minha compulsiva falta de sorte...
no instante exato da falta de reflexão,
do compromisso não assumido
que durou apenas um instante fugaz,
transitório da paixão !

Transformaram-me num tétrico absurdo...
mas eu sou um feto !
Sou de fato e de direito, alguém,
a quem não respeitaram os direitos seus.

Para eles, foi muito fácil... “era preciso assim proceder”.
E eu, presa ainda mais indefesa
cujos gritos não foram ouvidos,
onde meus brados revelavam
que eu não queria morrer.


Até coração eu já tinha, e pulsava a todo momento
mas isso não interessava a quem, naquela hora,
nada queria saber desse papo de sentimento.


Mataram o menino... ou será menina?...
Fato consumado... ovo, embrião e feto consumidos.
Hoje eu sei de tudo: não tive chance de viver
porque o egoísmo não permitiu
que eu pudesse contemplar o mundo...

Morri resignado... porque jamais fui desejado.
Nunca fui amado !
Jogaram-me no esgoto lodoso da rejeição,
arrancaram-me das entranhas,
expulsaram-me do aconchego do útero madrasto
antes que eu dissesse “não”.

Faltou controle, eles alegam.
Mas eu digo que faltaram muitas coisas
em cada grupo de dois.
Faltara principalmente o ato de amor
e o ato de responsabilidade,
no antes, no durante e no depois.

Porém, uma palavra só de adeus quero dizer:
Os abortados ressuscitam !
E depois, como é que fica ?
Eu queria um coisa só...
fazer uma súplica aos pais que não têm dó:
não nos gerem no momento errado e, se ainda o fizerem,
dêem-nos uma oportunidade de viver, porque...
É TERRÍVEL SER ABORTADO !