As horas perderam-se no tempo. Ouço a voz do mar que fala ao meu coração. Dos meus olhos deslizam pedras de sal. O barco de sonhos está ferrugento, carcomido, esburacado, roído como as minhas unhas… e eu envelheço com ele. À esquerda, avisto uma bússola dourada que norteia as minhas utopias.
Pressinto uma sombra que me envolve. Conduzida pelo vento, a Realidade entra no meu interior como uma treva. Com o seu braço onde bombeia vida, agarra-me a mão numa tentativa de me resgatar das minhas navegações.
A maré vai subir… e este barco vai voltar a navegar…
A maré vai subir… e este barco vai voltar a navegar…